Ah! Como é Bom Recordar
Ah! Como é bom recordar...Os belos tempos de outrora
Os instantes mais lindos vividos
Sempre ficam gravados na memória.
Sempre no fim do dia, após a Ave Maria
Os adultos colocavam as cadeiras nas calçadas
E enquanto conversavam
A meninada em algazarra brincava.
Um dia abria-se roda e entoava cirandas
Noutro brincava-se de pique pega, amarelinha ou cabra cega.
E quando, todos cansados, em suas mães se encostavam
Ouviam com olhos arregalados os causos que elas contavam
Aqueles de assombração que fazia com que a gente de medo se borrasse.
Ah! Como é bom recordar...
A chegada da mocidade
Dos bilhetinhos apaixonados
Do namoro no portão.
Reviver a sensação sentida dos beijos, muitas vezes roubados
Dos amassos no escurinho do cinema, nas matinês de domingo.
Da primeira serenata ouvida com emoção
Na voz do seu amado cantando Fascinação.
O passeio de mãos dadas em volta do coreto
Enquanto a bandinha fazia seu concerto.
Ah! Como é bom recordar...
Quando o namorado longe estava
De ansiedade transpirava-se em profusão
Quando ouvia o carteiro chamando seu nome
E lhe entregando uma carta em mãos.
Lembrar das furrupas regadas a Cuba Libre ao som do The Beatles e do The Fevers.
Dos belos bailes que havia ao som das grandes orquestras.
E assim, sucessivamente as recordações vão brotando...
Até que sinto a dura realidade me balançando:
“Acorda mulher, para de sonhar que o feijão tá queimando”.
(Angela Conde)